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Este blogue mudou-se. Está agora no facebook. Um dia voltará a viver no blogger, numa casa nova e moderna. Até lá, boas novelas!
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sábado, 15 de dezembro de 2007

DISSECANDO PANTANAL

Foi com um tópico sobre a novela Pantanal que decidi estrear este blogue, mas ainda não dissequei a obra. Então cá vai:

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José Leôncio, ao envelhecer, não só se torna menos hábil com o cavalo mais baixo e gordinho (claro que este é um comentário de brincadeira) como parece fora de personagem. É óbvio que cerca de vinte anos sem ver o filho o deve ter amargurado. Mas ainda assim, parece que não é a mesma pessoa que Paulo Gorgulho retratou. O Leôncio jovem era ignorante, mas possuía uma percepção eficaz para entender as pessoas. E era justo. Já avançado na idade, é bruto e precipitado a julgar os outros. Achei que Claúdio Marzo não foi interessante no papel e ignorou as características que José Leôncio ganhou com Paulo Gorgulho. Mas talvez tenha sido este último que deu demasiado charme ao seu Leôncio, mascarando assim os defeitos da personagem. Afinal, no casamento levou a sua sempre adiante, ignorando as vontades da esposa. O que José Leôncio adulto faz com o filho quando acaba de o conhecer prova que é injusto. Expulsa-o e diz-lhe para não o chamar mais de pai. Ora, se Leôncio não tivesse construído um império, vendo-se por isso obrigado a lidar com todo o tipo de pessoas e em contacto com outros estilos de vida além do pantaneiro, aí sim, ele podia ter evoluído para um bronco. Mas não foi o caso. Aliás, a capacidade clara de ver as coisas sem se precipitar em julgamentos parece transitar para Tibério, o peão com quem Jove consegue falar como se fosse a um pai.

Madeleine é uma personagem cujas acções são muito criticadas na novela. Mas se formos a ver, a pobre teve razão. Claro, gostamos mais de Leôncio e queremos que a razão esteja com ele. Mas quem gostaria de ser recém casada, ir para um lugar desconhecido, isolado da civilização, não ter ninguém mais instruído com quem conversar, não ter o marido a seu lado durante meses, longe dos pais, amigos e a vida que sempre conheceu, e ainda por cima ter o filho fora de um hospital, ajudada por uma governanta, sozinha? E ainda viu o bebé a ser-lhe tirado dos braços para ir cavalgar nos braços do pai, quando este mal tinha saído dentro dela! E depois, continua sozinha e Leôncio decido baptizar o filho com o nome do avô, sabendo que ela não concordava. Ele simplesmente foi fazendo o que queria, achando que ela acabava por aceitar. Aceitar a ida para visitar os pais ao Rio de Janeiro, que nunca surgiu, aceitar as longas ausências do marido, aceitar a solidão. Ora, isto é subjugar o espírito de alguém. O que nunca resulta numa relação. Madeleine não era um boi marruá! Acho que o autor castigou muito esta personagem pelo acto corajoso que tomou de se ir embora com o filho. Castigou-a de mais por ter abandonado Leôncio. Claro que tudo podia ter sido feito de forma diferente mas e daí, talvez não. É preciso ver que Madeleine era uma menina, imatura e acima de tudo, sem experiência de vida. É claro que ela sonhava com a ida do seu príncipe encantado, que a seguia para a arrebatar novamente, pedindo perdão e jurando-lhe maior dedicação. Coisa que Leôncio não estava disposto a fazer. O autor castigou-a fazendo dela uma perua, eternamente frustrada sexualmente deste que abandonou o marido. É muito severo. Acho também que a personagem ficou a perder com ambas as actrizes que lhe deram vida. Não só a inexperiente Ingra Liberato não soube defender a sua personagem muito bem, como a Ítala Nandi transformou a Madeleine numa criatura vazia e antipática, de voz e gestos irritantes. E não se sabendo bem porquê, a personagem sai da história morrendo quando regressava ao Pantanal. O que não fez muito sentido e, mais uma vez, foi de uma severidade extrema!

Depois temos o filho de ambos em adulto. Jove relaciona-se de forma muito diferente da do pai com as mulheres, mas tem o mesmo sucesso. Vive na cidade, já fez de tudo um pouco, mas sente-se vazio e algo o perturba. Claro, é o facto de nunca ter conhecido o pai. Relaciona-se melhor com a tia Irma, que também é severamente castigada pelo autor ao ficar apaixonada por Leôncio e não se interessar por mais ninguém. Jove acaba por contar com a sua cumplicidade e parte para o Pantanal. Aí rapidamente o julgam pela aparência. Surge com uma camisa larga e estampada, com modos educados e uma forma de estar que denuncia o facto de ter sido criado por três mulheres. Todos os homens se riem e lhe lançam olhares de gozação. Até o pai fica profundamente decepcionado, julgando ele que ia receber um filho adulto e peão. Na verdade, todos acham que Jove é homossexual. Só que este homossexual mal chega ao Pantanal e já conquista o interesse das mais belas moças. Rapidamente se envolve com Guta, uma jovem, tal como ele, formada na cidade. Mas ele se apaixona é por Juma, uma pantaneira analfabeta, que não conhece nada da vida sem ser o seu chão e o seu modo de vida. Esta relação dos dois também é razão de chacota por parte da “peãozada”. Igualmente rápidos a julgar a moça, há muito que mantêm a distância dela, pois diz-se que vira onça em noite de lua cheia! Todos a acham bonita, mas mantêm as distâncias por medo. A aproximação destes dois incomoda muito Leôncio, que vê naquilo não o que é, mas o que pensa ser: uma falta de vergonha distorcida, de mulher-homem com homem-mulher! Ele está ansioso por ver o filho a tomar uma atitude de macho e ao saber que este passeia com a bela Juma, aguarda que o filho lhe conte que tiveram sexo. Mas Jove acha essa presunção redutora e é isso que Leôncio não entende. Ao contrário do que pensa o pai, não é na marra que Jove a tenta conquistar. Ele sabe que a “onça selvagem” não é nenhum marruá para ser domado. Ele é o único que realmente vê Juma, “mais mansa que um cordeirinho” – diz ele. E ela também se apaixona por ele por causa desse reconhecimento. Nele encontra aquilo que procurava. Com ele começa a aprender mais sobre a vida, aprende a ler e também a escrever. Melhora o seu vocabulário e assim satisfaz a sede que a sua curiosidade natural de pessoa inteligente procurava saciar, sem ter como.

Filó é outra personagem que me agrada muito, mas só após envelhecer. A Filó mais madura é uma mulher generosa, compreensiva, carinhosa e afectuosa. Quando jovem era só ciumenta e muito metida a besta, se entendem o sentido da coisa. O que não dá para engolir é o facto do parentesco do seu filho Tadeu ser insinuado logo no início da novela como sendo de Leôncio para no final, e um pouco sem sentido, Filó começar a soltar uns ais porque, afinal, tinha mentido. Seria verosímil se antes de ter admitido a Leôncio o parentesco ela já não tivesse andado a dizer ao vento que o filho era dele. Parece um desfecho forçado, embora ao espectador essa dica fosse perpetuamente facultada pelo autor, que ia mostrando as diferenças de personalidade entre Tadeu e os restantes Leôncios.

Outro pormenor, mas que ainda deixa as “marcas” da sua interferência, é o facto da bela Juma, pantaneira que toma banho de rio desde menina com a sua mãe, ter uma cena em que tira a roupa e tem marcas de biquini fio-dental. Se para interpretarem índios é costume maquilhar os actores com um produto especial, porquê não se esforçaram para ocultar as marcas branquinhas na pele de Juma? Não dava para ir a um solário antes de partir para o Pantanal? Juma nem conhece o que é um soutien. Logo, não devia ter marcas dessas peças de vestuário. Aí, nesse pedacinho de história, subitamente o espectador percebe que é falso.

Também achei um tanto forçada a mudança de Jove para pantaneiro. De início está tudo natural mas aos poucos, a mudança é brusca demais. Parece-me que algo na personalidade da personagem está a ser roubado. Contudo e no geral, adoro esta novela. Não lhe encontro muitas mais falhas de importância para mencionar. A história de amor entre estas duas personagens está muito bem feita e gosto ainda mais dela, por se assemelhar à realidade. Juma e Jove gostam um do outro, mas não vivem um conto de cinderela. Chegam até a separar-se devido à intervenção de uma terceira pessoa. Humm… muito semelhante à vida real, não?

Por fim, outra crítica que faço à história, diz respeito à personagem de José Lucas. De início entra bem mas depois, anda ali uns capítulos sem rumo, a tomar umas atitudes pouco credíveis. Para quem quer ser peão acima de tudo e acaba por sê-lo, ter virado político é cá um esticão! Principalmente porque inicialmente é um homem simples, desinformado e desinteressado por política. Surge de repente o interesse, só para ele ter o que conversar com a personagem Irma. A sua história dá muitas voltas: José Lucas interessa-se por Juma e chega a viver com ela, mas também antes disso surge uma jornalista de nariz empinado, vinda do nada, só para se envolver com ele e o retirar por uns tempos da trama. Por sua vez, Irma também não é uma personagem feliz. Eterna apaixonada pelo cunhado, de repente deixa-se seduzir pelos encantos de Trindade, o peão cantor, mas a forma como este sai da história só para dar lugar a José Lucas é um tanto forçada.

Em Pantanal vêm-se já referências a futuras obras do autor Benedito Ruy Barbosa: O “Rei do Gado”, que é como Leôncio é chamado e o “pacto com o Belzebu”, aqui feito por Trindade e mais tarde aproveitado para a personagem “José Inocêncio”, o coronel “Rei do Gado”. As semelhanças não são casualidade.

2 FEED-BACK -DEIXE OPINIÃO:

Tv Tudo 19 de dezembro de 2007 às 15:11  

ola, Novelomania, pois é assim que vou te chamar enquanto nao sei seu nome!
pode ter certeza que estou acompanhando os seus videos e agora que estou entendendo bem melhor a historia de Pantanal.
e mais um pedido, se vc tiver a cena em carolina ferraz e regina duarte brigam num posto de gasolina ficarei muito grato!
e colocando no you tube fica bem mais facil!
e muito obrigado por visitar meu blog!
Ass: Junior

novelista 4 de janeiro de 2008 às 17:55  

Olá Júnior. Você pediu-me uma vez cenas com a Carolina Ferraz. Encontrei um link postado há uma semana, dela nesta novela: http://br.youtube.com/watch?v=dnhi-F6BCic. A outra cena que você fala só pode ser da novela História de Amor, onde as duas eram rivais, certo? Acho q não tenho. Continue a visitar este blogue. Obrigado pela contribuição e continue, que é para isso que ele serve!

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