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sábado, 19 de abril de 2008

GABRIELA


A primeira novela a passar em Portugal fez muito sucesso porque veio ao encontro de uma sociedade portuguesa a desabrochar na desconhecida Liberdade. Estávamos no ano de 1977. Portugal tinha saído do regime fascista em 1974 e “Gabriela” chegou neste período em que tudo estava a querer mudar nos lares dos portugueses e na sociedade em geral.

A maior surpresa de “Gabriela” foi mostrar as personagens femininas tão emancipadas, sexuais e liberais. Agradou aos homens e ás mulheres, surpresas por haver quem pudesse viver a sua feminilidade de uma forma mais assumida. Logo neste instante nasceu o mito da “mulher brasileira fogosa”.

Visualizar tal à-vontade, com pessoas a acariciarem-se e a beijarem-se na televisão – coisa que sempre fora proibida durante o fascismo, abalou o público. Alguns percebiam coisas pela primeira vez, outros tomaram decisões de mudança. As mulheres quiseram a sua segunda liberdade: a de 1974 e a da Gabriela.

Na maioria dos lares, à mulher continuava a ser exigida uma certa postura e cumprimento de obrigações. Foi então que começaram a aparecer jovens vestidas e penteadas como as personagens e as mulheres casadas também começaram a pensar em mudanças. Como sempre, uns preocupavam-se com os efeitos perniciosos de tais conteúdos exibidos em televisão e temia-se pela integridade e moral dos mais jovens.

Não deixa de existir uma lógica fundamentada neste receio. Gabriela “mudou” mesmo a sociedade portuguesa. Ou melhor: foi a pioneira de uma série de outras que se seguiram para facilitar as mudanças sociais que se adivinhavam no período pós-liberdade. A primeira mudança a se notar foi na linguagem. Depressa expressões brasileiras ganharam terreno no linguarejar. Era divertido, uma brincadeira e acabou por se enraizar. Hoje todos nós as incluímos corriqueiramente no falar e nem nos damos conta ou delas temos consciência. Já Eça criticava que Portugal era dado a estrangeirismos e se calhar, nesse aspecto, somos realmente abertos a mudanças.

Era muito nova para me lembrar de “Gabriela”. A novela voltou a ser exibida pela SIC há poucos anos, porém não a acompanhei. Hoje tenho pena. Acho que deviam re-exibir todas as “velhas” novelas. Faço aqui o apelo à SIC. Existe um público hávido, principalmente o que então era muito novo e hoje é composto por jovens adultos. É um produto que ainda pode puxar audiência. Se for escolhido um bom horário, como o da madrugada, pode surpreender.

É dito que o último episódio de “Gabriela” em Portugal, fez parar o país. Os deputados da assembleia da República terminaram a sessão mais cedo, justificando que queriam estar em casa a tempo de ver o último episódio. É também dito que o silêncio reinava nas ruas e nas casas só se via a luz trepidante da televisão, homogénea de janela em janela. Por fim, um som invadiu os lares portugueses assim que a palavra “FIM” abandonou o ecran. O som dos autoclismos! *

Deve ter sido mesmo assim e o fenómeno repetiu-se quase à escala noutras ocasiões, com outras telenovelas brasileiras ao longo da década de 80 e até 90. Agora nenhuma pode causar tal impacto, pois massificaram-se e o próprio país começou a produzir com regularidade as suas. Por isso mesmo é que seria bom rever as mais marcantes para a sociedade Portuguesa.



*(Aqui não houve assimilação da expressão estrangeira porém, qualquer português conhece a palavra brasileira para o acto de ir à casa-de-banho puxar o autoclismo: é o mesmo que dizer: “ir à privada dar a descarga!”)


FACTOS:
Data de Estreia em Portugal: 16 de Maio de 1977
Re-exibição em: 1978 , 1983, 1999(?)

um link: http://www.bocc.ubi.pt/pag/cunha-isabel-ferin-revolucao-gabriela.pdf

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Anónimo 23 de abril de 2008 às 18:13  

Á pouco tempo li o livro de Jorge Amado, em que se baseou esta novela. Gostei, mas estou a gostar mais de ler Tieta.
Fiquei com curiosidade em saber quem representou alugas das personagens do livro.

Laura Caçoeiro

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