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Este blogue mudou-se. Está agora no facebook. Um dia voltará a viver no blogger, numa casa nova e moderna. Até lá, boas novelas!
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Planos e realização (à portuguesa)

Estou a ver uma série portuguesa muito engraçada, na RTP Memória.
Durante uns 7 a 10 minutos de uma cena toda realizada em plano muito geral, duas personagens filmadas entre contra-luz ou total sombra estão a passear numa herdade enquanto ditam (mesmo) as falas. Nem por um instante consegue-se perceber os seus rostos. Ouvem-se vozes, mas não dá para perceber as bocas a mexer, tão longínquas da lente estão as personagens. Quanto ao enredo, demorei metade do tempo desta cena a tentar perceber se a mulher era invisual. Só quando esta dita a fala de que "conhece quantos degraus existem" é que confirmo que a personagem é invisual. Mas logo a seguir, esta invisual desce uma escadaria e, mesmo de longe, percebe-se que esta cega está a olhar para baixo, para os degraus, que desce um a um (colocando ambos os pés em cada degrau). Assim que chega ao fim, a cabeça volta à posição horizontal. Uma invisual muito bem representada!

Finalmente, rostos! Os actores estão a ser filmados de frente mas, a câmera corta o pescoço a um, mas filma muita parede branca por cima da cabeça deste! E lá estão eles, uns quatro, cada qual sentado (sempre sentados) no seu lugar, a ditar as falas.

Durante todo este tempo, já uns 15 minutos de série, existe uma melodia constantemente a tocar, sem que faça qualquer ligação entre a acção ou a reforce.

Quanto à cenografia, obedece à pobreza da altura, com cenários vazios com dois ou três adereços. Existe uma ou talvez duas boas representações que, como que por milagre, fogem à postura "dictafone" tão característica da altura em que a série foi feita: 1982!

Agora podem pensar: mas porquê esta "dissecação" técnica a uma série portuguesa da década de 80, ainda mais num blogue sobre novelas?

É porque a série faz-me lembrar o estilo de produção e interpretação que, durante anos, caracterizou as nossas produções noveleiras. Excepções feitas para algumas mais famosas e até, mais antigas, outras que apareceram não tinham dinamismo, não tinham cenários, não tinham acção, movimento e pecavam por planos excessivamente afastados e débito de texto em posições estáticas.

A série, de nome Dick Haskins, pretende ser uma espécie de Poirot de Aghata Christie, mas muito longe do nível que a produção britânica "Aghata Christie's Poirot" popularizou em 1989. É engraçada de ver porque não se percebe NADA da história. E, no entanto, continua-se a ver, com fascínio. Más cenas, brigas nada convincentes que incluem murros flácidos, personagens estáticas como estátuas de pedra enquanto são revelados segredos, e, para cúmulo, enquanto o detective (?) relata as suas descobertas, um relógio fora de cena dá sonoramente as horas, abafando por completo as falas que a personagem está a ditar! É lindo de ver! L-I-N-D-O! Faz-me lembrar as maratonas de visionamento de filmes americanos da série B, principalmente os de terror, hoje super ranhosos! :)

Vale pelo esforço. Só posso imaginar as dificuldades técnicas e as limitações que podiam existir nesta altura em televisão. Mas, por outro lado, não posso aceitar isto como desculpa, porque também se fizeram coisas muito boas antes, durante e à volta de 1982. Temos como produção portuguesa os filmes dos anos 40, feitos 40 anos antes desta série! Surgem bem filmados e bem interpretados, com acção e planos de todo o género. No que respeita a novelas, foi exactamente em 1982 que estreou a primeira telenovela portuguesa - Vila-Faia, ainda hoje muito boa de se ver, inspirada no estilo produtivo da Globo, que nos arrebatava na altura com as suas produções. Logo de seguida, em 1983, outra boa produção noveleira: Origens.

Portanto... não há razão para esta série ser tão má feita! Não é como se não se tivesse meios ou não se soubesse como se fazer muito melhor. A razão de tanta obra ter sido feita desta forma dictafone (vou baptizar este estilo assim), é outra e totalmente desconhecida. Palpito que tem a ver com boa vontade, boas ideias, ousadia de arriscar, pouco e mal direccionado $$$ e amadorismo...

Mas é boa para rir!
Ah,ah,ah! Espreitem que vão perceber...

2 FEED-BACK -DEIXE OPINIÃO:

João Costa 14 de julho de 2011 às 17:46  

Ainda não consegui ver a série, mas tenho os episódios gravados para ver assim que tenha oportunidade.

Realmente, a impressão com que fiquei dos poucos minutos que vi não foi das melhores... E confesso que, depois destes comentários, estou ainda mais ansioso para ver!

Adoro estas séries "deliciosamente toscas". Acho que me vou divertir bastante...

Tv Tudo 15 de julho de 2011 às 01:54  

O blog está otimo!!! Voltei a acompanhar seu blog e a cada dia seus textos estão melhores!
Espero que voce comente da estreia de O Astro que iniciou nessa terça-feira e foi o maior sucesso o remake na Rede Globo.
Acesse meu blog: www.peripeciando.wordpress.com

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